domingo, 28 de fevereiro de 2010

Brasileiros relatam momentos de tensão durante terremoto no Chile 27/02 - 17:22 - iG São Paulo

Brasileiros que estavam no Chile neste sábado, quando o país foi atingido por um terremoto de 8.8. graus, passaram por situações de tensão durante a madrugada. Segundo relatou ao iG o internauta Claudio Dias, de Embu (SP), o momento do tremor "parecia interminável".



Claudio e sua mulher estavam dormindo em um hotel na capital do Chile, Santiago, quando o tremor os acordou, por volta das 3h30. "A sensação era de que uma enorme locomotiva estava passando por cima do telhado, provocando um violento tremor", contou. "No escuro, nos deitamos, nos abraçamos e ficamos rezando, até tudo terminar".
Johanna Helm, arquiteta de Porto Alegre (RS), mora desde 2005 na Argentina mas estava em Santiago no momento do tremor. Ela estava dormindo quando ouviu as janelas tremerem. As outras três pessoas que estavam com ela no terceiro andar de um edifício também ficaram preocupadas. "Escutávemos os transformadores explodindo e os vidros quebrando-se".
Depois de duas horas fora do edifício, o grupo voltou ao local para se preparar para novos abalos, já que terremotos tão fortes costumam gerar réplicas. "As mochilas ficaram ao lado da porta, com telefones, dinheiro, água, tudo o que fosse necessário caso acontecesse algo mais grave depois", contou.
A brasileira Paula Rondinelli, que mora no Chile há vinte anos, foi acordada pelo tremor e se preocupou em reunir toda a família. "Pegamos dois dos nossos filhos que estavam em seus quartos, enquanto parecia que a casa caía", explica.
Meia hora após o tremor, ela percorreu a casa e encontrou copos, garrafas e quadros quebrados, portas e gavetas abertas e uma cerca elétrica torcida. Tudo a luz de velas e celulares, porque, como medida de precaução contra incêndios, a energia foi cortada em todo o país.
Carros viram e se amontoam pelas estradas do Chile

Em entrevista à TV Chile, outro turista brasileiro que estava em Santiago relatou momentos de tensão. "Foi um verdadeiro pânico. Tudo começou a tremer forte, faltou luz e tivemos que sair do quarto, no escuro, com garrafas de champagne quebradas no chão", contou. "Não havia nenhuma sinalização e não sabíamos como sair do hotel.
Ao seu lado, uma das duas mulheres completou: "Infelizmente temos que ficar aqui na rua, porque o aeroporto de Santiago continua fechado e a nossa única opção é esperar. Tudo tremeu. Foi horrível".
Aeroporto fechado
Em vários pontos, como no centro de Santiago e na cidade de Concepción, às margens do oceano Pacífico, não há luz e água, o asfalto das estradas se rompeu, pontes antigas caíram e vários carros, estacionados nas ruas, foram atingidos por postes, tijolos ou pedras.
As comunicações telefônicas também foram interrompidas ou ficaram extremamente difíceis. Equipes de bombeiros foram chamadas para apagar incêndios em postos de gasolina. O chefe do aeroporto de Santiago, Eduardo del Canto, confirmou que todos os voos estão cancelados e que o aeroporto não será reaberto pelo menos nos próximos três dias.
"O dano maior está no prédio do aeroporto (portas de vidros quebradas e paredes rachadas), mas sem este prédio não podemos operar o aeroporto. As pistas não foram abaladas, mas o terminal está paralisado e continuará fechado", disse.
Vários passageiros, com suas bagagens, estão sentados em frente ao aeroporto. Del Canto disse que não pode garantir que os voos serão retomados na semana que vem, quando está prevista a realização do Congresso Internacional de Língua Espanhola, na região de Valparaíso, que tem entre os convidados o Rei da Espanha, Juan Carlo, e a rainha Sofia.
A expectativa é que o aeroporto esteja funcionando no dia 11 de março, data da posse do presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, quando são aguardadas comitivas internacionais. O Ministério dos Transportes informou que os ônibus e metrôs também não estão funcionando. Ou por precaução ou porque algum setor foi abalado pelos tremores.
No bairro antigo da capital chilena, chamado Santiago Centro, cerca de 40 casas históricas foram afetadas, segundo as autoridades locais. Também nessa área, próxima ao palácio presidencial La Moneda, que não teria sido atingido, os moradores estão nas ruas. Muitos deles de pijamas e abraçados a cobertores. O bairro também está sem luz.
O porta-voz da empresa de energia Chilectra, Juan Pablo Larraín, disse que 2 milhões de clientes estão sem luz e fez um apelo: "Por favor, evitem o desperdício de energia. O sistema elétrico foi fortemente atingido e temos que poupar energia neste momento".


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